segunda-feira, 27 de abril de 2009

E VIVA RONALDO - QUE FENÔMENO!!!!!!


Na tarde deste domingo, o time do Corinthians foi até a Vila Belmiro para enfrentar o Santos na primeira partida da final do Campeonato Paulista de 2009. E Jogando fora de casa, o time alvinegro conseguiu uma vitoria de 3 x 1 sobre os donos da casa.
Em uma partida eletrizante, o time do Corinthians conseguiu superar o Santos e manter uma bela vantagem para a partida de volta que será realizada no próximo domingo no Pacaembu. O jogo que foi equilibrado e teve muitas oportunidades para ambos os lados, teve o placar aberto aos 10 minutos com Chicão que após cobrança de falta conseguiu colocar a bola no canto esquerdo de Fabio costa.
Aos 25 minutos do primeiro tempo, o Corinthians conseguiu marcar o segundo gol com Ronaldo. Com a vantagem no placar o Timão deixou o Santos crescer em campo e precisou contar com grandes defesas do goleiro Felipe que salvou o Corinthians em pelo menos 3 lances ainda no primeiro tempo.
No segundo tempo do jogo o time do Santos veio para cima, e precisando do resultado o time santista conseguiu marcar aos 15 minutos com Triguinho, que avançou pela esquerda e chutou, mandando a bola para o fundo das redes. Com um placar de 2 x 1 o Santos diminuiu a vantagem do Santos mas não o suficiente para deter o Timão que aos 31 minutos em um contra-ataque marcou um lindo gol com Ronaldo.
Ronaldo Fenômeno recebeu um belo, fintou o zagueiro santista, e marcou um lindo gol de cobertura liquidando o jogo para o time do Corinthians, finalizando o placar em 3 x 1.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DEFICIÊNCIAS

DEFICIÊNCIAS

Mário Quintana

'Deficiente'
é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
'Louco'
é quem não procura ser feliz com o que possui.
'Cego'
é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
'Surdo'
é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
'Mudo'
é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
'Paralítico'
é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
'Diabético'
é quem não consegue ser doce.
'Anão'
é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
'Miseráveis'
são todos que não conseguem falar com Deus.

'A amizade é um amor que nunca morre.
'

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tudo se move

Tudo se move. E tudo se move com um ritmo. E tudo que se move com um ritmo provoca um som; isso está acontecendo aqui e em qualquer lugar do mundo neste momento. Nossos ancestrais notaram a mesma coisa, quando procuravam fugir do frio em suas cavernas: as coisas se moviam e faziam barulho.

Os primeiros seres humanos talvez tivessem olhado isso com espanto, e logo em seguida com devoção: entenderam que esta era a maneira de uma Entidade Superior comunicar-se com eles. Passaram a imitar os ruídos e os movimentos à sua volta, na esperança de comunicar-se também com esta Entidade: a dança e a música acabavam de nascer.

Quando dançamos, somos livres.

Melhor dizendo, nosso espírito pode viajar pelo universo, enquanto o corpo segue um ritmo que não faz parte da rotina. Assim, podemos rir de nossos grandes ou pequenos sofrimentos, e nos entregarmos a uma experiência nova sem medo. Enquanto a oração e a meditação nos levam até o sagrado através do silêncio e do mergulho interior, na dança celebramos junto com os outros uma espécie de transe coletivo.

Pode-se escrever o que se quiser sobre a dança, mas de nada vale: é preciso dançar para saber do que se está falando. Dançar até a exaustão, como se fossemos alpinistas subindo uma montanha sagrada. Dançar até que, por causa da respiração ofegante, nosso organismo possa receber oxigênio de uma maneira que não está acostumado, e isso termina por fazer com que percamos nossa identidade, nossa relação com o espaço e o tempo.

Claro que podemos dançar sozinhos, se isso nos ajuda a vencer a timidez. Mas sempre que possível, é melhor dançar em grupo, porque um estimula o outro, e termina-se criando um espaço mágico, com todos conectados na mesma energia.

Para dançar, não é necessário aprender em academias; basta deixar que o corpo ensine – porque dançamos desde a noite dos tempos, e não esquecemos isso. Quando eu era adolescente, ficava com inveja dos grandes "bailarinos" da minha turma da esquina, e fingia que tinha outras coisas para fazer durante as festas – como ficar conversando, por exemplo. Mas na verdade eu tinha pavor do ridículo. Até que um dia uma menina, chamada Márcia, me disse na frente de todo mundo:

- Venha.

Eu disse que não gostava; ela insistiu. Todos do grupo ficaram olhando, e por que eu estava apaixonado (o amor é capaz de tantas coisas!) não pude recusar mais. Fiz um papel ridículo, não sabia seguir os passos, mas Márcia não parou; continuou dançando, como se eu fosse um Rudolf Nureyev.

- Esqueça os outros e preste atenção no baixo – sussurrou ao meu ouvido. – Procure seguir o seu ritmo.

Naquele momento, entendi que nem sempre é necessário aprender as coisas mais importantes; elas já fazem parte da nossa natureza. Na juventude, a dança é um rito de passagem fundamental: experimentamos pela primeira vez um estado de graça, um êxtase profundo, mesmo que para os menos avisados tudo não passe de um grupo de rapazes e moças divertindo-se em uma festa.

Quando ficamos adultos, e quando envelhecemos, precisamos continuar dançando. O ritmo muda, mas a música é parte da vida, e a dança é a conseqüência de deixarmos que este ritmo penetre em nós.

Continuo dançando sempre que posso. Com a dança, o mundo espiritual e o mundo real conseguem conviver sem conflitos. Como disse alguém que não me lembro, os bailarinos clássicos ficam na ponta dos pés porque estão ao mesmo tempo tocando a terra e alcançando os céus.

Eu sei, mas não devia


Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.